A segunda cidade de nossa rota, Valença, é também chamada de Princesa da Serra, Cidade da Seresta, Cidades dos Marqueses e Cidade da Leitura, tem seus primeiros capítulos por volta de 1771 com as primeiras sesmarias (sistema português de terras para a produção agrícola) na região. O nome da cidade é uma homenagem ao Vice Rei de Portugal, Dom Fernando José, o qual possuía ascendência na cidade espanhola de Valencia. Nesse caminho, vamos ver como a cidade está inserida e participou da história da região do Vale do Café.
Antes da chegada do homem branco, os índios coroados ficavam na região entre os rios Paraíba do Sul e rio Preto, chegando até as nascentes dos rios Flores e Bonitos. Nesse inicio, há uma cooptação, por parte do fazendeiro, de índios para o trabalho escravo, por meio da ação dissimulada de doação de presentes. Por mando do Vice Rei D. Luiz de Vasconcelos, em 1789, o dono da Fazenda de Ubá, o referido fazendeiro acima, aprisionou os indígenas em suas terras para iniciar o processo de catequização para, com isso, possa-se desenvolver uma dominação de tipo econômica, cultural e social – é nesse momento que se inicia os primeiros assentamentos na região.
Comumente à região, nesse processo de formação social e cultural, se tem a primeira missa rezada em agosto de 1803, em uma capela improvisada, quando a povoação será nomeada de Aldeia de Nossa Senhora de Valença, sendo que a construção da igreja matriz começa em 1820, terminando somente em 1874. Por sua vez, a cidade comportará, mas já em 1925, o Bispado de Valença. Entretanto, ao longo de seu processo histórico, outros credos e confissões participarão da formação do cenário religioso da cidade, como a primeira igreja presbiteriana em 1909, que marcara a entrada dos protestantes; 1912, a fundação do Centro Espírita de Valença; em 1952, a primeira loja maçônica, a Loja Perfeita União; e, em 1976, a Ordem Rosa Cruz adentra a cidade.
Outra chave de acesso à cidade é pela área da educação. Em 1949 a cidade fundara a Academia Valeciana de Letras; em 1952 estabelecera o ensino público secundário com a fundação do Colégio Municipal Theodoro Fonseca; em 1967 ocorre a criação da Fundação Educacional D. André Arcorverde com as faculdades de filosofia, ciências econômicas, odontologia, medicina e direito. Já em 1990 é fundado o instituto histórico Visconde do Rio Preto, marcando um dinamismo cultural e intelectual da cidade ao longo do século XX, chegando até a atualidade.
A região onde hoje é denominado como Valença, em seu passado contou com inúmeras vilas imperiais que participaram do ciclo do café, com seu apogeu e declínio. Entre elas:
Conservatória, com uma população de 6.500 habitantes, faz parte do inicio do processo de divisão de terras da região pelo sistema de sesmaria. Primeiramente, sua economia tinha como principal produto agrícola a cana-de-açúcar, a qual, em seguida, cede espaço para o grande produto da região, o café. Inicialmente fora a aldeia indígena dos índios Araris, isto por volta de 1789. Já em 1824, a sesmaria de terras se tornara Conservatória, que significa registro dos índios. Hoje, sua economia gira sobre a agropecuária e o turismo, onde se destacam o clima da região e as permanências históricas desse período, como a Igreja Matriz de Santo Antônio, inaugurada em 1868 com inspiração neoclássica e maneirista. No interior da matriz, encontra-se o Museu Sacro, que guarda em seu interior peças do século XVIII e XIX. O distrito conta ainda com o Museu da Seresta e da Serenata, que fora construído, na metade do século XIX, numa antiga casa de veraneio que era ponto de encontro para os seresteiros. O Balneário municipal João Raposo de Melo é um ponto de turismo natural do distrito, com o atrativo do rio dos índios, onde o turista pode encontrar restaurantes, bares, campo de futebol e quadra de vôlei. Não somente, assim como os demais distritos, Conservatória conta uma vasta rede de hotéis e pousadas que permite o repouso pela região.
Outro distrito é Santa Isabel, o qual fora fundado na primeira metade do século XIX. Teve seu crescimento acompanhando o ciclo do café, onde se destacam para o seu desenvolvimento a construção da estrada Presidente Pereira que ligava Paracambi ao sul de Minas, passando pela região e fazendo um ponto de ligação entre as duas áreas para tropeiros. Em 1889, a estrada de ferro Santa Isabel do Rio proporcionou a continuidade desse processo ao ligar à Barra do Piraí, tornando o atual distrito uma forte vila imperial na região. Entretanto, seu desenvolvimento será retraído com o fim do ciclo do café e com a Abolição, encontrando folego econômico novamente já no século XX com a implantação da produção de gado, o que fara de Santa Isabel um dos maiores produtores de leite da região. Em sua área comporta a Serra da Beleza, que atrai interessados por eventos extraterrestres; a Igreja Matriz de Santa Isabel do Rio Preto, inaugurada em 1852; e o Quilombo São José da Serra, com mais de 150 anos, famoso pelo jongo.
Pentagna fica a 14 km do centro de Valença e conta com a Cachoeira do Rio Bonito, a igreja São Sebastião do Rio Bonito e a antiga estação ferroviária da Central do Brasil, além de uma rede de hotéis e pousadas.
Parapeúna, por sua vez, possui uma população de 2.000 habitantes. Com um atrativo clima tropical de altitudes com temperaturas amenas, com baixa umidade relativa do ar, possuía as estações bem definidas, dividindo-se entre um período de maior estiagem e outro de maior precipitação. Se caracteriza pela produção pecuária de leite e de corte, pela agroindústria e artesanato. Uma atração da cidade é a capela da padroeira santa Therezinha do Menino Jesus, fundada em 1929 em estilo neogótico.
Já o distrito Barão de Juparanã, que no século XIX era conhecido como Desengano, tem seu nome no tupi-guarani, que significa Rio Grande. Sua história é marcada também pelo ciclo do café, sendo um forte ponto populacional dentro do império. A fazenda do Monte Seylene foi um internato construído pela princesa Isabel e o conde D’Eu, tornando-se posteriormente a primeira clínica pública de recuperação de dependentes químicos do interior do estado. Barão de Jurapanã possui duas tradicionais festas religiosas: a festa de São Jorge, que atrai inúmeros vaqueiros para uma procissão a cavalo e a festa da padroeira Nossa Senhora do Patrocínio.
REFERÊNCIAS:
A Cidade. Prefeitura Municipal de Valença, 2021. Disponível em: < http://www.valenca.rj.gov.br/contact/>. Acesso em: 20 de fev. 2021
História de Valença. Portal Valença RJ, 2021. Disponível em: <www.portalvalencarj.com.br/historia-de-valenca/>. Acesso em: 20 de fev. 2021.
PIÑERO, Theo Lobarinhas. Valença: dos caminhos do comércio à indústria. Disponível em: < https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/cdf/article/viewFile/17738/13109>. Acessado em: 20 de fev. 2021.
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